Aquela Canção...
Era canção
promessas
ancestrais
de longa união.
Foi presságio
um grito de dor
separação...
Ana Wagner
DOMINGO
Badalo de sinos
deserto
cortinas fechadas
encontro marcado
abortado
cidade vazia
boêmia e vadia
o tempo girando
súbito milagre:
alvorada
saudando outro dia
silêncio eloquente
o apanhador de palavras
silente
Ana Wagner
SONHOS MORTOS
Beijo
a vidraça do quarto
divido a lua
debruço-me à sombra.
Coração
outrora poeta,
chora
unhas cravadas no escuro.
A janela abandonada
calam os grilos
na noite morrem
sonhos
na calçada!
Ana Wagner
***
AUSÊNCIA
labaredas no olhar
num delírio de nadas
verde constelação
na madrugada
luar de leite
folhas de prata
agora dia
e o sol ferindo a visada
como um lírio aberto
logo mais, crepúsculo
fechando o cálice murcho
de um jardim deserto
depois a noite
o sonho iluminado
por uma profunda
e solitária estrela.
Ana Wagner
VIOLETAS DOURADAS
Plantar violetas
nos olhos do sol
ficar assim, mais bonita
despertar borboletas;
perfumar o lençol,
guardar velhos sonhos;
tirar plumas dos olhos
fechar gavetas
abrir a verdade
no vestido guardado
rasgar quimeras;
outro mar inundou
derradeiras lágrimas.
Ana Wagner
ESTRATAGEMA
Segredodos segundosespelho, água, intuiçãotestemunho mudoitinerário da transformaçãofogo e cinzas de poesiatraçados no estratagemadas palavras vãs para criar o temasonhoAna Wagner
DUALIDADE
Ausência,
mal necessário
grilhões esperam
ser rompidos
vã ilusão
deixando marcas
nos olhos turvos
ardente verão
queimando pele
sufocando flores
dualidade
alma ferida.
Ana Wagner
RESPOSTA
Onde a saída?
no breu da calçada;
divina esperança,
pássaro trucidado;
inspirado desejo,
jogado no abismo;
brancas nuvens,
prematuras dores
infinito amor,
em ácido queimado;
borboletas coloridas,
incêndio na mata;
você e eu?
responda...
Ana Wagner
ALQUIMIA
Ensina a receita
para apagar esse amor:
um muito de pranto,
um tanto de dor;
estrada sem rumo,
mundo sem cor;
asas quebradas,
sem perfume a flor;
chuva gelada,
sol sem calor;
alma assustada
vida sem sabor.
ANA WAGNER
NOITE AZUL.
No abraço
calma acolhida
necessito
colo sereno
dormir e sonhar;
derrame suavemente
o véu azul do olhar,
ilumina com luz lunar
assim esqueço de vez
o medo de amar.
Ana Wagner.
ILUSÃO
Volta
a cotidiana tirana
rasga sonhos
atiça quimeras
ronda em rosas cores
quebra pratos
amacia
acaricia
bate forte
apaga-se
e retorna
ondula afagos
estende as garras
suavemente
ninhos nuvens
ilude, intenta
sedenta de chagas
cinzas doloridas
nunca morre...
Ana Wagner
Ao anônimo leitor!
Gostaria de fazer
um agradecimento
aos inúmeros leitores
anônimos que me visitam
diariamente. São pessoas
de lugares distantes ou
próximos que passam
por aqui diariamente.
Obrigada anônimo leitor!