O PARQUE
Lembranças escorregam soturnas
nos velhos brinquedos do parque
As dores vão na Roda Gigante
Amores no Carrossel
Desafetos no Trem Fantasma
Teus olhos, Algodão-doce
Meu peito, Maçã-do-Amor
E a Vida tirando a sorte
Nos búzios da Cigana
Só para ter certeza
Que ainda está dando as Cartas!
Ana Wagner
***
PEQUENEZ
Platéia cheia
Astro colossal
Afundo em pequenez
Sou vírgula
Ponto final
Ana Wagner
***
MULHER COMUM
Sou mulher sem requintes
sem a escultura do corpo
ou o fascínio da mente
Portanto, sou relegada
às sobras de algum carinho
ao mínimo tempo de alguém
sou facilmente esquecida
magoada, machucada
Só quem vale são aquelas
mulheres bonitas
mulheres brilhantes
exuberantes, audaciosas
um pouco maliciosas
provocantes e sedutoras
Tenho carinho e meiguice
e um amor sem limites
mas quem disse
que isso importa?
É a beleza que abre a porta!
Ana Wagner
* Este é um pequeno protesto à ditadura da beleza e da magreza.
Epílogo
Não há mais luz!
Memórias cegas
palavras murchas
um instante
uma vida inteira
morte e meia
castigo sem pecado
pecado sem perdão.
Ana Wagner
***
ABRAÇO!
Não há nada mais sublime
que o calor do abraço
amado!
É como abraçar nuvens
ou uma onda cálida
invadindo seu corpo...
Seu beijo primeiro
foi puro sonho,
instante de paraiso...
Desde as primeiras mesuras
seus olhos brilhantes
algo de muitos mistérios
visões de passado
os tornam tristes
indevassáveis
uma vertigem agridoce
amor proibido e secreto
misto de loucura
e lampejos de liberdade
Ana Wagner
LIBERTA!
Na grama verdinha e orvalhada
Coloco meus pés descalços
Liberta, me sinto tão viva
Como o girassol ao meu lado
Efêmera e fêmea
Sem braços e pernas
Apenas seiva e flores
Apenas raízes.
Ana Wagner
AO AMOR VINDOURO
De uma fonte cristlina
será a água de meu banho
formará um arco íris
Somente pra me enfeitar
Vestido branco virginal
tiara de flores no cabelo
sem sapatos de cristal
Será um amor definitivo
Maduro e doce como um fruto
dedicarei a ele minha vida
mesmo em tempo diminuto
Serei seu último grito
Serás meu último sonho
E esse amor, infinito!
Ana Wagner
***
Você Voltou!
Não quero nem saber
por onde você andou
por quê saiu de repente
em que braços se aconchegou
Não quero lembrar as lágrimas
mansas e quietas que derramei
certa que voltarias
em poucos dias talvez
Meu mundo perdeu o brilho
Cada dia que te esperei
Sem alegrias fiquei
Mas hoje você voltou!
Com seu sorriso encantado
Olhou-me um tanto acanhado
E em teus braços me joguei
Ah! Matar a saudade
esquecer todo passado
esconder-me em teu abraço
Isto é Felicidade!
Ana Wagner
Vai vida!
Despeja
quinquilharias
há tempo
guardadas
emperrando
o caminho
e a verdade
Vai vida!
Conserta
repara
limpa
a estrada
e mostra
as sendas
da sanidade!
Ana Wagner
SEM RIMA
No âmago de minh`alma
existe poesia
corpo estranho
que machuca
meus dedos
não a amo mais,
não a quero mais
pois está presa
em grades de espinhos
mergulhadas em dores
vivendo de meu sangue.
Quero uma rima
bem pobre
bem vulgar
de flores
e amores.
Ana Wagner
.
Esperança
Cada palavra
na tempestade
é apenas uma pandorga
rasgada
esperando um milagre
final
para elevar-se.
E a poesia sobreviver...
Ana Wagner
Ao anônimo leitor!
Gostaria de fazer
um agradecimento
aos inúmeros leitores
anônimos que me visitam
diariamente. São pessoas
de lugares distantes ou
próximos que passam
por aqui diariamente.
Obrigada anônimo leitor!